Tamarindo
Estava em casa tomando um suco de tamarindo e lembrando o tempo em que a vida era mais simples e também mais fácil de levar.
Estava em casa tomando um suco de tamarindo e lembrando o tempo em que a vida era mais simples e também mais fácil de levar.
Quem passou pela hiperinflação e lembra-se da inflação da época do ex-presidente Sarney quando a mesma chegava a 83% ao mês sabe quanto era duro sobreviver com o que se ganhava, mesmo aplicando seu suado salário no ‘overnight’ (aplicação que ajustava seu dinheiro diariamente). Vimos os militares presidirem o País e o ufanismo do “Brasil, ame ou deixe-o” que fez muitos deixarem o País, mesmo a contragosto.
Não se pode esquecer do jornalista Paulo Francis que foi a público comentar de problemas na Petrobrás e que pagou pela ousadia de dizer algo que agora vemos ser uma ponta do iceberg. Vi vovó passando roupas de nosso avô com ferro a brasa com muita galhardia e com a tranquilidade de saber que o mesmo era um lutador e uma pessoa do bem que pode ser considerado um ‘self made men’.
Já tomei crush (refrigerante sabor laranja delicioso) e Grapette (de uva) e que tinha como slogan: “Quem bebe Grapette, repete”, a partir de 1963.
E tomando esse suco de tamarindo com sabor de infância levei um susto quando percebi que vários amigos e pessoas de bem saíram às ruas para destituir um presidente da república que perdeu o apoio das bases cometendo várias medidas temerosas, e me lembro bem que sequestrou a poupança de muitos, causando destruição de lares, perdas irreparáveis e falta de honestidade num cargo tão fundamental para o País.
Apesar de o suco estar com açúcar para aguentar as amarguras da vida, percebi que esse presidente fez o que fez e continua no poder e fazendo coisas ainda mais fabulosas do que ontem e sofisticando os delitos, passando de Fiat Elba para Ferrari e etc.
Com isso só nos resta acreditar na justiça e confiar para que a mesma nos ajude a desmantelar esse castelo de areia e que nosso País possa ser um lugar onde possamos acreditar na mesma e lutar por melhorias.
Afinal, suco de tamarindo e juízo não fazem mal a ninguém e podem nos ajudar a ter um Brasil com letra maiúscula, gente lutadora e sofredora e menos corrupção e desmandos de nossos autistas políticos que só pensam em si.
Espero que eles tomem um suco de tamarindo sem açúcar e sem afeto e que saibam que nós, a duras penas, queremos um País decente, com pessoas comprometidas e políticos que efetivamente parem de se autorrepresentar e sejam “representantes do povo”, pois no inconsciente coletivo do brasileiro só existe uma coisa certa: “Não aguentamos mais!
Robson Paniago é professor da IBE-FGV e Administrador Tecnológico & Social.