Três dicas para manter a saúde das empresas em tempo de recessão
O ano de 2017 está sendo marcado por uma série de eventos negativos no campo político e econômico
O ano de 2017 está sendo marcado por uma série de eventos negativos no campo político e econômico. A corrupção foi desvendada em níveis nunca imaginados, seguidos de desconfiança das decisões judiciais que envolvam esses crimes políticos, bem como do total descontentamento para com nossos representantes em todos os níveis, o que leva a indicadores apontando para um cenário de retração. Nesse contexto, é exigido das empresas um esforço muito maior para manter a competividade e produtividade.
O termo “empresas estressadas”, já comumente usado nos Estados Unidos e Europa, designa companhias em situações de dificuldades financeiras pelas mais diversas situações. Alguns problemas, de acordo com a advogada e especialista em recuperação de empresas, Dra. Mara Denise Poffo Wilhelm, sócia da Wilhelm & Niels Advogados Associados, partem de seus próprios líderes, que se encontram totalmente desorientados pelos resultados que a companhia apresenta e transferem essa pressão para a sua equipe. “Em situações de grande estresse, pode levar à tomada de decisões errôneas ou inconsequentes, ocasionando o agravamento da crise e da situação financeira da empresa”, explica. O resultado é um caos diário na gestão e na operação da empresa. Com esse clima, pequenos problemas do dia a dia podem se transformar em grandes, ante a situação precária e nervosa que contaminou toda a empresa, levando a resultados ainda piores.
Mas, como manter uma empresa saudável, evitando o estresse da empresa? Dra. Mara dá algumas dicas. Confira:
1 – Manter-se em constante vigília e acompanhar os resultados da empresa: é imprescindível que os gestores tenham sempre acesso aos resultados da empresa, e que realizem a análise contábil e financeira destes. Projetar e simular com base em diversos resultados, sejam as metas positivas ou negativas, considerando as piores hipóteses possíveis. Essas atitudes possibilitam que os momentos difíceis sejam previstos com antecedência, permitindo um tempo maior ao gestor para se programar para resolver o problema considerando aquele cenário projetado. “Por mais que seja difícil projetar cenários, esse é um exercício de extrema importância para as empresas que desejam estar preparadas para qualquer situação, inclusive numa retomada da economia”, afirma Mara. Para a especialista, é importante manter cenários e simulações para diferentes níveis de fluxo de caixa, por exemplo, e, assim, preparar-se para todos os tipos de desafios, trançando estratégias para o crescimento da empresa ou para reverter situações negativas.
2 – Tenha uma equipe qualificada: a empresa precisa estar em constante inovação e, para isso, a sua equipe precisa acompanhar essa necessidade de crescimento. Precisa estar preparada para as mudanças e ajudar o gestor com dicas, ideias, apresentando resultados. O comodismo de alguns funcionários, preocupados apenas em realizar minimamente suas funções, sem buscar aperfeiçoamento, é fator de retrocesso nas empresas. As equipes precisam estar sempre prontas para os novos desafios da empresa. Isso vale também para os terceirizados, a salientar, consultores, contadores, advogados, representantes comerciais. Enfim, a especialização dos profissionais em cada área proporciona segurança ao gestor na condução de seus negócios e decisões.
3 – Fique atento às oportunidades: o período turbulento irá passar, pois a economia é cíclica. Essas oportunidades podem ser tanto relativas a crescimento, como por exemplo: fusões, aquisições, ou mesmo mudança de segmento produtivo, localização estratégica da empresa ou criação de novas unidades, tanto no país como fora dele. Já para empresas em crise mais profunda, a oportunidade pode estar em uma grande reestruturação nos negócios, analisando-se diversos fatores, dentre eles, a margem de contribuição de seus produtos e a descontinuidade da linha. Se não for possível reverter os resultados, a diminuição nos custos, e, inclusive, a venda de ativos deve ser considerada, segundo Mara. Há, ainda, o benefício legal da recuperação judicial, que proporciona um “fôlego” nas finanças empresariais e que, se bem assessorado, pode colocar novamente a empresa “nos trilhos”, pois, permite a repactuação de suas dívidas junto aos credores para pagamento de acordo com a sua realidade, ou seja, segundo o seu fluxo de caixa (capacidade financeira).
Oportunidades
Por outro lado, conforme explica Mara, sempre em momentos de crise no país ou em determinado segmento, podem ocorrer excelentes oportunidades para gestores e suas empresas que estão consonância e preparados para crescimento, bem como aqueles que conseguiram superar o estigma da “empresa estressada”. “Diariamente, surgem oportunidades de negócios, muitos deles oriundos até de seus próprios concorrentes que não buscaram a ajuda para superar a crise, quer seja comprando parte de seus ativos por preços atrativos, ou mesmo aproveitando brechas no mercado oriundo do mau atendimento ou da falta de qualidade dos produtos de seus concorrentes”, destaca Mara. Sempre que uma empresa sucumbe (quebra), abre espaço para outra tomar o seu lugar e crescer. “Então, esteja preparado para ocupar esse espaço”, destaca a especialista.