Consumo Consciente ou Black Friday?
"O mundo que temos hoje nas mãos não nos foi dado pelos nossos pais. Ele nos foi emprestado pelos nossos filhos”
Dou início a este artigo invocando com o seguinte provérbio Africano:
"O mundo que temos hoje nas mãos não nos foi dado pelos nossos pais. Ele nos foi emprestado pelos nossos filhos”
Isto significa que cada geração deve legar as gerações vindouras um meio ambiente igual ou melhor do que aquele recebido das gerações precedentes, conforme preconiza a Organização das Nações Unidas (ONU) sem que perca de vista o sucesso econômico. Como se diz o ambientalista Claudio Valadares: ”O homem no vermelho não protege o verde”. Por isso, a grande meta que sintetiza todo esse esforço é compartilhar transformação produtiva com equidade social e sustentabilidade ambiental.
Tratei em artigo publicado em 2007, cujo tema foi Responsabilidade Social empresarial, lembro-me que escrevi: “Responsabilidade Social começa em casa. com a mudança de nossas atitudes. Como consumidores, devemos ter em mente que não existe um ato de consumo sem impacto.”
O artigo de hoje, prezado leitor, tem a finalidade de aprofundar um pouco esse tema por considerá-lo de suma importância para todos nós.
Com algumas informações que colecionei ao longo dos últimos anos, palestras que assisti do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, bem como material que ajudei a construir sobre esse tema para a oficina de Gestão de Fornecedores da Conferência do Instituto Ethos Empresas e Responsabilidade Social de 2004, decidi compartilhar com vocês um pouco que aprendi deste tema tão importante.
Mas afinal de contas do que estamos falando?
Segundo a definição do Instituto Akatu, consumo consciente é: “O consumo com consciência e voltado a Sustentabilidade”. Tudo a ver com o provérbio africano acima, não é mesmo? Toda vez que se usa água ou energia elétrica, joga fora o lixo ou se vai as compras, o consumidor consciente leva em conta o impacto dessas ações sobre a economia, a sociedade e o meio ambiente.
Consumir com consciência é uma questão de cidadania, pois o consumo de um grande número de pessoas, mesmo por um curto período de tempo, faz igualmente muita diferença. Isso é possível quando pessoas escolhem comprar produtos ou serviços de empresas socialmente responsáveis, que não tem com objetivo apenas tirar proveito da sociedade, mas respeitá-la e dar algo em troca. São empresas que levam em consideração a sociedade e o meio ambiente, como as indústrias que não poluem o ar ou a água, os produtores agrícolas que não exploram o trabalho infantil ou as lojas de móveis que não vendem peças fabricadas com madeira extraída ilegalmente das florestas nativas. São empresas que investem em suas comunidades e em seus colaboradores e suas famílias. Privilegiando essas empresas, o consumidor deixa claro sua escolha por quem ajuda a conseguir construir uma sociedade mais justa.
O simples ato de ir as compras pode levar as pessoas a mudar o mundo, basta que façamos algumas perguntas quando estivermos próximos a impulso pela compra tais como: Porque?, O que?, Como? De quem? Como vou usar? Como irei descartar? Como posso reduzir, reutilizar e reciclar? Não devemos viver para o consumo e sim consumir para viver.
Tenho visto diversas iniciativas de empresas e organizações orientando as pessoas para o consumo consciente visto que tudo aquilo que se faz todos os dias faz diferença. Gostaria de compartilhar algumas dessas iniciativas: o Mc Donalds em suas toalhas de mesa divulgou mais de 50 maneiras de salvar o mundo fazendo coisas simples. A revista Veja, da editora Abril, no Guia Veja, recomendou um conjunto de medidas simples para economizar água, as Empresas Johnson &Johnson e CPFL Energia em seus jornais internos Climate Care e Qualidade de Vida, disponibilizaram aos seu colaboradores pequenas ações do dia a dia que podemos fazer para tornar a nossa convivência neste planeta mais saudável, o Instituto Akatu lançou recentemente um manual com 12 princípios para o consumidor ajudar a combater o aquecimento Global e no site do Planeta Sustentável (www.planetasustentavel,com.br) pode-se encontrar um manual de etiqueta com 33 dicas de como enfrentar o aquecimento Global e outros desafios da atualidade.
E agora, prezado leitor? Após a leitura deste artigo, da para imaginar como estamos com relação ao tema “Consumo Consciente”? Estamos Indiferentes? Iniciantes? Engajados? Conscientes? No site do Instituto Akatu (www.akatu.org.br) vocês poderão, além de fazer o teste de consumidor consciente, encontrar dentre outras coisas, dicas, orientações básicas e o grau de Responsabilidade Social das empresas que você consome produtos e serviço.
Encerro este artigo com uma frase do George Bernard Shaw que julguei oportuna para este momento, que diz: “Não há progresso sem mudança. E quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando coisa alguma”
Agora é com vocês, Consumo Consciente ou Black Friday?
Luiz Fernando de Araújo Bueno, Administrador de Empresas, Professor da FGV, membro do Comitê de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de SP = CORES, articulista, consultor e palestrante.