5 dicas para não se endividar com a Black Friday
Comprar é uma das ações mais apreciadas pelas pessoas e está conectada com a experiência proporcionada por esse momento, seja a satisfação de um desejo ou o atendimento de uma necessidade
Comprar é uma das ações mais apreciadas pelas pessoas e está conectada com a experiência proporcionada por esse momento, seja a satisfação de um desejo ou o atendimento de uma necessidade. É considerada uma terapia por aqueles que afirmam que se sentem mais leves após adquirir algum produto, mesmo que não precise dele.
No primeiro momento isso parece bom, mas, segundo uma matéria da Forbes publicada no último dia 17, comprar coisas para se sentir feliz pode ser uma estrada perigosa, porque as pessoas arriscam se tornarem viciadas em compras. Ainda segundo a matéria, um dos elementos que contribuem para isso é o volume de informações sobre produtos e serviços apresentados pelas mídias sociais e pelos influenciadores em diversos canais, que buscam convencer as pessoas a comprarem para pertencerem a algum grupo de consumidores.
Mas será que a pessoa se torna viciada em compras somente porque são oferecidos produtos e serviços a ela o tempo todo? Esse pode ser um dos motivos, mas tem outro detalhe que colabora, como, por exemplo, o calendário do comércio que trabalha com datas praticamente fixas para alavancar as vendas, como: a Páscoa, Dia do Consumidor, Dia das Mães, Namorados, Pais, Crianças, Black Friday e Natal.
Com todas essas datas e suas possíveis promoções, fica difícil resistir, não é mesmo? Entre as citadas, comentarei sobre a Black Friday, queridinha dos compradores varejistas.
Ao contrário de uma data fixa, a Black Friday tem ocorrido no Brasil desde 2010, sempre na última sexta-feira de novembro. Esse evento movimenta as lojas físicas e on-line de tal forma que se tornou uma data relevante para o comércio, injetando recursos financeiros na economia brasileira. Até aqui tudo bem, mas vamos analisar sob a ótica da saúde financeira do consumidor.
O endividamento da população, em setembro de 2022, bateu recorde e está na faixa dos 64 milhões de brasileiros, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A dívida média está em torno de R$ 3.700, e o brasileiro está devendo para os bancos, comércio, água, luz e comunicação. Esses dados servem de alerta para o consumidor que chegou ao mês de outubro com dívidas e corre o risco de ser seduzido pela Black Friday.
Considerando que, depois da Black Friday, ainda teremos os gastos de final de ano e já começamos o ano novo com as responsabilidades corriqueiras de material escolar, matrículas, IPTU, IPVA, entre outros, é importante refletir sobre a necessidade de compras na Black Friday.
Se você deseja adquirir algum produto na Black Friday, precisa começar seu planejamento com mais antecedência. Nesse sentido, selecionei algumas dicas para que você não se endivide no evento que se aproxima:
- Não tente descontar alguma insatisfação pessoal ou profissional em uma compra; tente identificar e tratar as causas e não o efeito.
- Não se iluda com a afirmação “porque eu mereço”! É claro que merece, mas precisa ser racional para não atrapalhar suas noites de sono no futuro. Não esqueça que o cartão de crédito tem data de vencimento, assim como os boletos.
- Planeje suas compras. Analise as datas e seus compromissos anuais e verifique onde ou quando você pode renunciar a algum gasto para adquirir o produto que tanto deseja comprar na Black Friday.
- Analise minuciosamente as parcelas em aberto que você tem nos seus cartões de crédito. Isso, porque talvez uma compra de R$ 600 dividida em 6 vezes pode parecer que não pesará muito no seu orçamento. Mas, e se você já tem outras compras com várias pequenas parcelas em aberto? Identifique quanto do seu orçamento está comprometido com o cartão de crédito, ou cartões de crédito.
- Seja realista com você mesmo. Não é se privar das compras dos produtos que você tanto deseja, mas os questionamentos já conhecidos — “eu preciso, eu posso pagar e precisa ser agora?” — devem fazer parte da rotina de quem quer viver em paz com o bolso.
Bom, se depois de tudo isso você ainda se mantiver firme na decisão de comprar na Black Friday, tente ao menos comprar à vista para conseguir um bom desconto. Pesquise e compare as condições que os fornecedores oferecem, acompanhe a evolução do preço do produto, examine sobre a performance da empresa na resolução de problemas e busque se certificar de que essa compra é a melhor opção para você neste momento. Se a resposta for “não”, volte para o planejamento. Se a resposta for “sim”, boas compras!
*Rosinda Angela da Silva, mestre em Desenvolvimento de Tecnologias e em Negócios Internacionais, é professora da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.